domingo, 13 de outubro de 2013

154 - O ENSINO NA PROVÍNCIA DE SANTA CATARINA NOS ÚLTIMOS ANOS DO IMPÉRIO


154 -  O ENSINO NA PROVÍNCIA DE SANTA CATARINA NOS ÚLTIMOS ANOS DO IMPÉRIO





      Nos últimos anos do Império, de 1870 até 1889 o ensino na Província de Santa Catarina pouco melhorou. 


O Ensino na Província de Santa Catarina de 1870 até 1889

       Do último número de meninas registradas na tabela acima, estão incluídas as matriculadas no Colégio São Felipe Apóstolo. Do total da população da Província de Santa Catarina que registrava 154.000 habitantes, o percentual de alunos matriculados representava 2,3% apenas, um baixo percentual.


Escola Primária para Meninos


           O Presidente João Tomé da Silva afirmava no ano de 1874 que não havia nenhuma Província que precisasse cuidar mais da Instrução Pública do que a Província de Santa Catarina. Havia naquela época 125 Escolas, destas 96 eram Escolas Públicas, 53 masculinas e 43 femininas, 29 eram Escolas Privadas, 08 de educação masculina, 5 de educação feminina e 16 de ensino misto. A matrícula nas Escolas Públicas chegava ao total de 2776 alunos, já nas Escolas Privadas atingia um total de 830 alunos.


Escola Primária para Meninos

           No ano de 1877 estavam vagas 34 Escolas por carência de professores. Já em 1881 havia 131 Escolas Públicas, 05 Escolas Privadas, baixando a frequência para 2577 alunos.


Professores Guilherme Willington

           No ano de 1872 os Professores Guilherme Willington e esposa abriram cursos denominados Colégio Catarinense para meninos e Colégio da Conceição para meninas. No ano de 1874 ainda existia o Colégio Catarinense, um tempo depois o Professor Guilherme Willington foi embora para Laguna e Araranguá, lecionando até o ano de 1879, quando faleceu em afogamento em Laguna. No ano de 1884 os Professores Custódio Teixeira Raposo e Léon Eugênio Lapagèsse, do Liceu, abriram um Curso Primário, o Colégio Santa Maria, onde cobravam 3000 réis mensais por aluno. No mesmo ano o Barão de Macaúbas fez a doação para a Província de Santa Catarina de 4000 exemplares de sua cartilha para que fossem distribuídas às Escolas Primárias.


Professores Guilherme Willington

           No ano de 1871 a Assembleia Provincial por sugestão dos deputados Sebastião Sousa e Zeferino José Silva, autorizou o Presidente da Província de Santa Catarina a abrir crédito suplementar para organizar um Estabelecimento de Ensino Secundário, ocorrendo discussões entre os parlamentares, nesta época muitos criticavam o Liceu e o Colégio dos Jesuítas.


Professores Guilherme Willington

           O Professor Leri dos Santos abriu um Colégio no ano de 1885 onde se ministrava a Educação Primária e a Educação Secundária. O Presidente Francisco Ferreira Correia no ano de 1871, durante a transmissão de governo apresentou ao seu sucessor a Extinção do Colégio do Santíssimo Salvador, extinguindo com ele a Instrução Primária e Secundária na Província de Santa Catarina, o Presidente Bandeira Gouveia ao receber o cargo afirmava que algo não estava bem, entretanto concedeu licença ao Alferes Leite Ribeiro Sales para que em uma das salas do antigo Liceu viesse ensinar Francês, Latim, Geografia, História e Sistema Métrico. Seu objetivo seria o de restabelecer o Liceu.


Escola Primária para Meninas

          O Presidente da Província de Santa Catarina concedeu no ano de 1871 que o Capitão Tenente Jacinto Furtado Mendonça Paes Leme utilizasse o Prédio do Liceu para a instalação de um Colégio Secundário para Meninos, anexando aulas primárias de acordo com o plano de estudos apresentado pelo governo. Embora reconhecendo as dificuldades financeiras pelas quais a província atravessava, o Presidente reconheceu que o Liceu necessita de recursos.


Escola Primária para Meninas

          A Assembleia da Província aprovou a Lei 685 de 24 de maio de 1872. O governo celebrou um acordo com Dona Rosalina Vilela Paes Leme, esposa do Oficial da Marinha, o Capitão Tenente Jacinto Furtado Mendonça Paes Leme, para a instalação de um Colégio de Instrução Secundária, sendo que esta dirigiu o educandário aos 10 de janeiro de 1873.


Escola Primária para Meninas


           O Governo cedera para Dona Rosalina Vilela Paes Leme pelo Contrato o Prédio do Mato Grosso e subsidiaria com 2400.000 réis os cursos, ficando para os contratados a obrigação de  lecionar gratuitamente as matérias que haviam constituído os 02 primeiros anos do antigo Liceu, aos alunos externos em condições de frequentá-los.


Escola Primária para Meninas

           Cabia aos alunos externos aceitarem o regime especial de tratamento, o mais familiar possível. Teriam uma refeição salgada por dia, a qual ocorreria precisamente todos os dias às 13h00min, sendo uma simples sopa ou feijão contendo carne de sol ou de gado, cozida ou assada, toucinho, sendo um prato variado, farinha de mandioca, 02 bananas ou 01 laranja como sobremesa. Teriam apenas 02 banhos por semana, não receberiam castigos corporais, aos alunos de mau comportamento perderiam a saída aos domingos como castigo, se reincidentes receberiam o castigo conforme a gravidade, ficando de joelhos ou de pé durante todas as aulas do dia.


Escola Primária para Meninas

          Dona Rosalina Vilela Paes Leme deu a Unidade de Ensino o nome de Colégio da Conceição, cobrando a cada pensionista a quantia de 25.000 réis mensais; aos meio pensionistas a quantia de 15.000 réis mensais; aos externos que não cursariam gratuitamente deveriam pagar a quantia de 3.000 réis mensais. Pelo uso da cama, do colchão de palhas, do travesseiro de marcela, da bacia para anseios, uma joia de 2.000 reis trimestralmente.


Professores Guilherme Willington

          A iniciativa de Dona Rosalina Vilela Paes Leme foi muito nobre, após o fechamento do Colégio dos Padres Jesuítas o ensino na Província de Santa Catarina virou um caos. Logo surgiram colégios concorrentes. No ano de 1872 o americano naturalizado brasileiro, Guilherme Henrique Willington acompanhado de sua esposa Dona Francisca Carolina Willington fundaram o Colégio Catarinense com classes mistas. Os pensionistas deveriam pagar 20.000 réis mensais, porém 2.000 réis a mais se desejassem roupas lavadas pelas lavadeiras do Colégio. Meio pensionistas pagariam 8.000 réis mensais pelo Curso Primário, 12.000 réis pelo Curso Secundário, os externos pagariam 3.000 réis mensais pelo Curso Primário, 8.000 réis pelo Curso Secundário.


Professor Horácio Nunes Pires 

          Seriam administradas aulas semanais ao Curso Primário de Leitura, Caligrafia, Aritmética, Gramática Nacional, Doutrina Cristã, Prendas Domésticas; aos matriculados no Curso Secundário seriam administradas as aulas de Francês, Inglês, História. Os alunos que fizessem o pagamento adicional de 6.000 réis recebiam o Ensino de Piano e Música; aos alunos que pagassem o adicional de 4.000 réis receberiam as aulas de Desenho; aos que pagassem 2.000 réis adicionais receberiam as aulas de Dança. O Bacharel Bernardo Francisco Brörig na época anunciava nos Jornais da Desterroo Ensino Secundário onde seriam administradas as aulas de Francês, Inglês, História.     
   
Professor Horácio Nunes Pires
           Em 1874 o Capitão Tenente Paes Leme juntamente com Dona Rosalina Vilela Paes Leme ainda mantinham o Colégio da Conceição, ano em que o Governo da Província decidiu restaurar o antigo Liceu, denominando-o Ateneu Provincial, o qual seria aberto para todos os moços, exceto aos portadores de doenças contagiosas e aos escravos. Era divulgado a todos que o método antigo de castigos corporais havia sido abolido, e seria ministrado um método moderno, o da prisão em quartos escuros ou utilizariam a carapuça.


Professor Horácio Nunes Pires 

           O velho edifício foi totalmente reformado por Sebastião de Souza e Melo. O Ateneu Provincial abriu suas portas ao ano letivo no dia 01 de julho do ano de 1874 com 109 alunos inscritos, ficando na direção os Professores Capitão Tenente Paes Leme e Dona Rosalina Vilela Paes Leme.


Escola Primária para Meninas

           O Presidente da Província de Santa Catarina, Dr. João Tomé da Silva este presente na instalação do Ateneu Provincial, bem como todo o oficialato da época. A Guarda de Honra foi feita pelo Batalhão do Depósito, na solenidade houve Banda Musical, foguetes e muitos convidados se fizeram presentes. O Inspetor Geral da Instrução fez um eloquente discurso seguido pelo Cônego Eloi de Medeiros além de outros célebres oradores, sendo oferecido um saboroso café colonial, pela noite foi oferecido um baile aos convidados.


Escola para Rapazes

          O Corpo docente do Ateneu Provincial foi escolhido a dedo, o Professor José Maria Branco ministrava Gramática da Língua Portuguesa a qual estavam matriculados 25 alunos, este havia nascido em Portugal, viera ao Brasil no ano de 1872 a convite de seu amigo, o Professores Capitão Tenente Paes Leme para ensinar esta disciplina no Colégio da Conceição; o Professor e Promotor Público da Capital Desterro, Dr Genuino Vidal, o qual havia sido aluno dos Jesuítas, ensinava Eloquência e Poética;  o Bacharel Luiz Augusto Crespo ensinava Filosofia Racional e Moral para 06 inscritos; o Professor Fritz Müller ensinaria MatemáticasAritméticaÁlgebraEquações do 2º GrauGeometria e Trigonometria para 46 inscritos; o Professor Nunes Pires ensinaria a Cátedra de Inglês para 18 alunos inscritos; o Professor João José Rosas Ribeiro de Almeida ensinaria Francês com 49 alunos inscritos; o Cônsul e Professor João Carlos Watson ensinaria História e Geografia para 35 alunos inscritos; o o Padre e Professor Mestre José Leite Mendes de Almeida ensinaria a disciplina de Latim para 12 alunos inscritos; o Professor Bacharel Bernardo Francisco Brörig ensinaria Filosofia para 06 alunos inscritos. Já no Curso Primário haviam 93 alunos inscritos.


Professores Guilherme Willington

           Guilherme Henrique Willington insistia em manter seu pequeno Colégio Catarinense, entretanto haviam muitos comentários desfavoráveis, com alguns remanescentes do Colégio da Conceição o Professor Maria Branco fundou um Colégio Particular próximo da Praça do Palácio.


Professores Guilherme Willington

          No ano de 1876 acabou-se o internato do Ateneu Provincial, poucos dias após Dona Rosalina Vilela Paes Leme, esposa do Diretor Paes Leme, viria a falecer, e este desistiu de lecionar.


Professor Horácio Nunes Pires 

           O Professor João José das Rosas Ribeiro de Almeida assume a direção por ocasião do pedido de exoneração do Capitão Tenente Paes Leme.


Professor Horácio Nunes Pires 

      No mesmo ano da fundação, 1877, ocorreu a exoneração de Genuíno Vidal do cargo de Professor de Retórica, o Padre João Evangelista Franco passa a substituí-lo,  neste mesmo ano o cargo de diretor é suprimido, sendo que um professor passa a receber a gratificação de 50.000 réis para exercê-la, o Professor Ribeiro de Almeida passa a exercer esta função além do cargo de Professor de Francês, o Professor Bacharel Bernardo Francisco Brörig passa a acumular as classes de Filosofia, e Matemáticas, as quais haviam sido abandonadas pelo Professor Fritz Müller em outubro do ano de 1876, por ter sido nomeado Naturalista Viajante do Museu Nacional; entretanto o Professor Bacharel Bernardo Francisco Brörig acumulou as cadeiras por curto período, este veio a falecer em dezembro do ano de 1876; por coincidência também veio a falecer o Professor João Carlos Watson, o qual lecionava História e Geografia,  passando a ministrá-las o Professor Silvio Pélico de Freitas Noronha além das que já lecionava, isto é, primeiras Letras.


Professor Horácio Nunes Pires 

           Mesmo sendo considerado o melhor Estabelecimento de Ensino da Província de Santa Catarina, o Colégio estava em decadência devido o Curso Primário contar com apenas 29 alunos inscritos e o Curso Secundário com apenas 34 alunos inscritos.


Escola para Rapazes

           Era fundado em Nossa Senhora do Desterro o Colégio Franco-Brasileiro pelo Professor León Eugênio Lapagèsse, com o endereço na Rua do Imperador nº 13, contando com o Curso Pprimário e o Curso Secundário. Havia as disciplinas de Português, Francês, Inglês Geografia, História e Aritmética. Havia internato, cobrava a mensalidade de 66.000 réis trimestrais aos pensionistas, 30.000 réis aos meio pensionistas e 12.000 réis aos externos.


Escola para Rapazes

           Na época o Presidente da Província de Santa Catarina, José Bento de Araujo ao passar o governo a novo Presidente Dr. Joaquim  da Silva Ramalho que o Ateneu Provincial não deixou de corresponder as expectativas nos 03 anos de sua existência. O Presidente Dr. Joaquim da Silva Ramalho percebeu que as matrículas do Ateneu Provincial estavam decaindo muito, apesar de sua reforma, não correspondia aos fins de que fora criado, era necessário subvencionar, como já havia ocorrido com um Colégio Particular da Província.

Escola para Rapazes

           Na cidade de Desterro no ano de 1879 havia um Estabelecimento de Ensino novo, o Colégio Ramos, criado pelo Professor Ramos da Silva Júnior, contando com 54 alunos matriculados.


Professor Horácio Nunes Pires 

           O Padre Mendes de Almeida passou a exercer o cargo de Diretor do Ateneu Provincial em substituição ao Professor José das Rosas Ribeiro de Almeida, entretanto no ano de 1881 a matricula havia caído vertiginosamente, sendo que no ano de 1883 o que o Ateneu Provincial foi obrigado a fechar suas portas.


Professor Horácio Nunes Pires 

           No ano de 1892 obedecendo à Lei nº 898 de 1º de abril de 1880, o governo veio a instalar um Curso Normal de 02 Anos para aprendizados de professores públicos. No 1º ano seria ensinado Português, Pedagogia, Metodologia, Aritmética; no 2º ano seria ensinado o Francês, a História e a Geografia. Os professores do Ateneu ministrariam as aulas, o Governo pretendia aumentar o período do curso para 03 anos com 10 cadeiras.


Escola para Rapazes

           Em 1893 foi criado o Liceu de Artes e Ofícios, o número de matrículas surpreendeu todas as expectativas, haviam 392 alunos matriculados. Quando iniciou o ano letivo havia apenas 190 alunos, entretanto era um excelente número de alunos matriculados, as aulas eram ministradas no pavimento térreo do Palácio da Presidência da Província, o qual havia sido oferecido pelo Presidente Faria Souto, o Liceu gastou 26.960 réis para reformar essa dependência do Palácio que estava bastante precária.


Escola para Rapazes

            O Liceu de Artes e Ofícios contava com ótimos professores, o que era melhor, todos ensinavam gratuitamente, o Professor Horácio Nunes Pires ensinava as Primeiras Letras; o Professor João Maria Duarte ensinava Gramática Portuguesa; o Professor Dr. Deocleciano da Costa Dória ensinava Francês; o Capitão do Mar e Guerra, Professor Antônio Ximenes de Araújo Pitada ensinava Geometria; o Professor Cândido Melquíades ensinava Geografia; o Professor José Brasilício de Sousa ensinava Música Instrumental; o Professor Francisco José da Costa ensinava Música Vocal; o Professor Manoel Francisco das Oliveiras ensinava Desenho; o Professor Alexandre Margarida ensinava Artes Gráficas; o Professor Manoel Joaquim Coelho ensinava Teoria de Máquinas a Vapor; o Professor José Joaquim Lopes Junior ensinava Tipografia e Escrituração Mercantil; porém esta última iniciaria apenas algum tempo após pelo Professor Gustavo Richard.


Escola para Rapazes

           O Liceu de Artes e Ofícios teve uma vida prolongada, realizou várias Festas as quais lhe garantiu um bom saldo para sua manutenção, ganhou donativos, benefícios, ocorreu um grande concerto no Palácio, o que lhe rendou 8 contos de réis. E com esse fundo adquiriu do Comendador Antônio da Silva Paranhos um prédio para seu funcionamento. O Governo procurou iniciar um bom Ensino Secundário na Província, criando o Instituto Literário e Normal, o qual veio abrir suas portas em agosto do ano de 1883. Possuía o Instituto Classes Primárias, Classes Secundárias e Classes do Curso Normal, seu programa possuía as disciplinas de Português, Latim, Grego, Francês, Inglês, Italiano, Eloquência e Poética, Geografia, História e Matemática. Previa-se um Internato e a Escola Normal, sob a Direção do Reitor do Instituto, objetivando a preparação do Professor Primário.


Professor Horácio Nunes Pires 

            No ano de 1884 quando o Liceu Provincial contava com 382 alunos matriculados, o Instituto não ultrapassava 84 alunos matriculados, caindo as matrículas no ano de 1885 para 27 alunos matriculados, em 1887 subiu um pouco, chegou à casa de 65 alunos matriculados, porém no ano de 1888 decaiu para 35 alunos matriculados, entrando em decadência. O Governo percebeu que a nova tentativa de recuperar o Ensino Secundário na Província de Santa Catarina havia sido um fracasso.


Professor Horácio Nunes Pires 

          O caos era geral, os professores não conseguiam motivar suas aulas, havia muita indisciplina, o Instituto parecia estar totalmente abandonado. Os pais criteriosos enviaram seus filhos para o Rio Grande do Sul ou para a Corte do Rio de Janeiro.


Professor Horácio Nunes Pires 

           Nos últimos anos da Província, o ensino estava caótico, a matrícula do Instituto foi de 38 a 58 alunos. O Instituto ia bem, conquistava grande eficiência. No ano de 1887 o Instituto abriu matrículas para meninas, já havia 27 meninas em um total de 77 alunos. Já no ano de 1888 já havia 28 meninas e 69 meninos matriculados. Isso representava um grande salto na educação do Instituto.



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