quinta-feira, 15 de novembro de 2012

013 - AROSCA E IÇA MIRIM



013 - AROSCA E IÇA MIRIM



          Arosca, um selvagem de porte grave, estatura média, nédio e olhar bondoso, contando uns 60 anos, de idade, ostentando um cocar de penas verdes, teria sido o chefe que hospedara Binot Paulmier de Gonneville, e durante a permanência dos franceses no porto viveram com os naturais em boa harmonia, estando todos bastante interessados em aprender o manejo das armas de fogo dos visitantes, pretendendo mesmo obtê-las para utilizar contra os seus inimigos. Gonneville afirmou, entretanto, não ter encontrado qualquer vestígio de antropofagia.


Binot Paulmier de Gonneville

          Em troca de bugigangas, pentes, facas, espelhos, machados, contas,e outros, os aborígenes abasteceram o Espoir com aproximadamente 100 quintais de mantimentos, carnes, peixes, frutos, peles, penas, e muito mais. E aos 03 de julho, depois de um semestre de permanência, partiu o bergantim de regresso para a França, era o ano de 1504.



Binot Paulmier de Gonneville

          Em sua companhia teria Binot Paulmier de Gonneville levado um dos filhos do Cacique Arosca, de nome Esomeric, que os historiadores supõem corresponda a Iça-mirim - forma pequena, com a promessa de devolvê-lo decorridas 20 luas, com os desejados conhecimentos a respeito do manejo de artilharia, além de outros que os selvagens admiravam nos cristãos.

Binot Paulmier de Gonneville

          Gonneville em sua viagem de retorno, tocou ainda em outros pontos do setentrião, encontrando aborígenes antropófagos, nus e com os corpos apenas pintados, tendo chegado a perder mesmo alguns homens, numa praia, onde foram atacados, sacrificados e comidos.



 Arosca e Binot Paulmier de Gonneville

          Não regressou o navegador ao Brasil para repatriar o filho de Arosca. Conta-se que educou Iça-mirim com esmero e, em 1521,o casou com uma de suas filhas, de nome Susana, tendo legado ao casal parte de seus bens, com a condição de que os seus filhos varões conservassem o apelido e o brasão dos Gonneville.



Binot Paulmier de Gonneville

          Foi um bisneto do casal, abade Jean Paulmier de Gonneville, que se distinguiu pela sua erudição e pelas viagens que realizou a vários países da Europa em missão diplomática, e que chegou a ser cônego da Catedral de Saint Pièrre de       Lesieux, quem apresentou a Declaração de Viagem, acompanhada de um memorial, ao Papa Alexandre VII, no ano de 1663, justificando um pedido para fundar missão cristã na terra austral e pretendendo povoar que a terra visitada pelo seu bisavô fora a Austrália.



 Arosca e Binot Paulmier de Gonneville

          A tese do abade foi aceita sem exames, mais tarde, verificou-se que a sua cópia da Declaração de Viagem continha graves erros, talvez propositais, empenhando-se, então, sábios e academias, na procura do documento autêntico. Foi encontrado em 1847, só então, o original, verificados e confirmados os erros, chegando à conclusão de que a terra visitada por Gonneville seria o Brasil.



 Arosca

          Em 1869 foi publicada uma Relação Autêntica da Viagem, acompanhada de uma análise que concluía por admitir que a terra brasileira visitada pelo navegador seria São Francisco do Sul e, com base nessa análise, muitos autores passaram a considerar São Francisco do Sul como a terra natal  de Iça-mirim e a descoberta da região apenas 4 anos após a Descoberta do Brasil.



Binot Paulmier de Gonneville

           O ponto controvertido. Não há absoluta certeza, nem a menor indicação que comprove a presunção, sendo que há historiadores que recusam tal hipótese, que pudesse um experimentado navegador como Gonneville cometer o erro de comparar a Baia de São Francisco com um medíocre riozinho da França, como é o Orne.


 Arosca e Binot Paulmier de Gonneville





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