Arosca, um selvagem de porte grave, estatura média, nédio e olhar bondoso, contando uns 60 anos, de idade, ostentando um cocar de penas verdes, teria sido o chefe que hospedara Binot Paulmier de Gonneville, e durante a permanência dos franceses no porto viveram com os naturais em boa harmonia, estando todos bastante interessados em aprender o manejo das armas de fogo dos visitantes, pretendendo mesmo obtê-las para utilizar contra os seus inimigos. Gonneville afirmou, entretanto, não ter encontrado qualquer vestígio de antropofagia.
Binot Paulmier de Gonneville |
Em troca de bugigangas, pentes, facas, espelhos, machados, contas,e outros, os aborígenes abasteceram o Espoir com aproximadamente 100 quintais de mantimentos, carnes, peixes, frutos, peles, penas, e muito mais. E aos 03 de julho, depois de um semestre de permanência, partiu o bergantim de regresso para a França, era o ano de 1504.
Binot Paulmier de Gonneville |
Em sua companhia teria Binot Paulmier de Gonneville levado um dos filhos do Cacique Arosca, de nome Esomeric, que os historiadores supõem corresponda a Iça-mirim - forma pequena, com a promessa de devolvê-lo decorridas 20 luas, com os desejados conhecimentos a respeito do manejo de artilharia, além de outros que os selvagens admiravam nos cristãos.
Binot Paulmier de Gonneville |
Gonneville em sua viagem de retorno, tocou ainda em outros pontos do setentrião, encontrando aborígenes antropófagos, nus e com os corpos apenas pintados, tendo chegado a perder mesmo alguns homens, numa praia, onde foram atacados, sacrificados e comidos.
Arosca e Binot Paulmier de Gonneville |
Não regressou o navegador ao Brasil para repatriar o filho de Arosca. Conta-se que educou Iça-mirim com esmero e, em 1521,o casou com uma de suas filhas, de nome Susana, tendo legado ao casal parte de seus bens, com a condição de que os seus filhos varões conservassem o apelido e o brasão dos Gonneville.
Binot Paulmier de Gonneville |
Foi um bisneto do casal, abade Jean Paulmier de Gonneville, que se distinguiu pela sua erudição e pelas viagens que realizou a vários países da Europa em missão diplomática, e que chegou a ser cônego da Catedral de Saint Pièrre de Lesieux, quem apresentou a Declaração de Viagem, acompanhada de um memorial, ao Papa Alexandre VII, no ano de 1663, justificando um pedido para fundar missão cristã na terra austral e pretendendo povoar que a terra visitada pelo seu bisavô fora a Austrália.
Arosca e Binot Paulmier de Gonneville |
A tese do abade foi aceita sem exames, mais tarde, verificou-se que a sua cópia da Declaração de Viagem continha graves erros, talvez propositais, empenhando-se, então, sábios e academias, na procura do documento autêntico. Foi encontrado em 1847, só então, o original, verificados e confirmados os erros, chegando à conclusão de que a terra visitada por Gonneville seria o Brasil.
Arosca |
Em 1869 foi publicada uma Relação Autêntica da Viagem, acompanhada de uma análise que concluía por admitir que a terra brasileira visitada pelo navegador seria São Francisco do Sul e, com base nessa análise, muitos autores passaram a considerar São Francisco do Sul como a terra natal de Iça-mirim e a descoberta da região apenas 4 anos após a Descoberta do Brasil.
Binot Paulmier de Gonneville |
O ponto controvertido. Não há absoluta certeza, nem a menor indicação que comprove a presunção, sendo que há historiadores que recusam tal hipótese, que pudesse um experimentado navegador como Gonneville cometer o erro de comparar a Baia de São Francisco com um medíocre riozinho da França, como é o Orne.
Arosca e Binot Paulmier de Gonneville |
Nenhum comentário:
Postar um comentário