quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

114 – ANITA GARIBALDI A HEROÍNA DE DOIS MUNDOS - A VIDA CATARINENSE COM A GUERRA DOS FARRAPOS


114 – ANITA GARIBALDI A HEROÍNA DE DOIS MUNDOS - A VIDA CATARINENSE COM A GUERRA DOS FARRAPOS



                Durante o episódio da República Juliana, momento da epopeia Farroupilha, surge uma figura feminina a qual hoje faz parte das conhecidas Mulheres de Bronze, as mulheres que estão representadas na forma de esculturas pelas praças mundo a fora devido a seus atos que muitas vezes de grande bravura.

Giuseppe Garibaldi e Anita e Garibaldi


          Anita Garibaldi não somente na História do Brasil, mas também na História da Itália tornou-se reconhecida.Ana de Jesus Ribeiro, mais conhecida por Anita Garibaldi. Nasceu Ana de Jesus Ribeiro na localidade de Morrinhos, hoje Município de Tubarão, na época pertencente ao Termo da Vila de Santo Antônio dos Anjos da Laguna. Já adolescente transferiu- se juntamente com sua família para a Vila, onde se casou no mês de agosto do ano de 1835, com o Senhor Manuel Aguiar. Pouco depois ficou enamorada de Giuseppe Garibaldi, abandonando o lar onde vivia com seu esposo, unindo sua vida a vida do aventureiro italiano, o qual por ser mercenário de profissão, entregara a sua bravura à causa dos Revolucionários Republicanos Farroupilhas. Seguiu por toda a sua vida os ideais de liberdade que tanto almejava.


Ana de Jesus Ribeiro - Anita Garibaldi

          O fato ocorrido não causou grande escândalo na Vila de Santo Antônio dos Anjos da Laguna devido Ana de Jesus Ribeiro não pertencer as famílias da classe média. Ela era moca humilde, nunca havia frequentado as reuniões da sociedade local mais classificada. É certo de que tenha sido palco de comentários alheios, com certeza todos ficavam aterrorizados, pois na época havia muita moralidade por parte das pessoas. Tudo era pecado e proibido, havia sempre quem não tinha o que fazer, passava dias e dias falando da vida alheia. Os Revolucionários eram não apenas submetiam as pessoas aos maus tratos como também seduziam as moças humildes e inexperientes.

Símbolos da República Juliana

         Não se sabe ao certo, mas talvez não tenha sido isso que veio a ocorrer com Anita Garibaldi. De fato a moça apaixonou-se pelo Revolucionário italiano, um homem destemido, bravo, estrangeiros, bondoso, de boa conversa, a quem Anita sacrificou sua vida e reputação. Tudo indica que a paixão foi recíproca.  Anita como a chamava carinhosamente Garibaldi, passou a ser sua grande e fiel companheira, revelando sua bravura até mesmo nos combates ao acompanhar o marido. Foram duros os dias em que ela esteve a bordo, cercada de homens brutos, caudilhos e intranquilos. No convés das pequenas embarcações farroupilhas, combateu ao lado de Giuseppe Garibaldisem temor das artilharias, sem poupar-se ao perigo do sinistro.

Giuseppe Garibaldi e Anita e Garibaldi

          No Combate de Imbituba, Giuseppe Garibaldi, pediu a Anita que se protegesse no porão do Rio Pardo, assim ela estaria coberta das armas Imperiais, porém ela desceu não para se proteger, mas para trazer mais alguns homens que junto com ela auxiliaram Giuseppe Garibaldi na batalha lançando fogo contra o adversário. Na tarde do dia 15 de novembro de 1835, quando os últimos raios do sol iluminavam o entardecer na Cidade Juliana de Laguna, em uma frágil canoa, sob fogo das armas Imperiais, Anita esteve firme ao lado de Giuseppe Garibaldi sem exitar um só segundo, arriscava a vida no transporte do material bélico da esquadrilha farroupilha à terra firme.

Ana de Jesus Ribeiro - Anita Garibaldi

         Outro momento de bravura na vida de Anita foi à fuga para a Serra, quando no Combate de Santa Vitória socorre os feridos, e no de Curitibanos é presa.  Correndo o boato de que nessa luta Giuseppe Garibaldi havia morrido, ela em desespero andou pelo campo olhando os corpos dos mortos para certificar-se. Consegue fugir, atravessa o Canoas a nado, agarrando a crina do cavalo marcha para Vacaria, onde se reencontra com Garibaldi e com ele continua uma vida de lutas, de sofrimentos, de aventuras. Algum tempo dá luz a seu 1º filho, agarrando-o para protegê-lo, sob forte temporal, vão em fuga para o mato, em meio a um combate. Conseguem montarias, fugindo para Cruz Alta. Foram tantas proezas épicas que constatamos sua bravura. Após vários dias de incertezas, de fugas fatigantes e muita luta, sem o menor premio para seus sacrifícios e bravura, Giuseppe Garibaldi obtém, em São Gabriel, de Bento Gonçalves a dispensa das armas nas lutas pela República Farroupilha.

Giuseppe Garibaldi e Anita Garibaldi

          No dia 26 de março de 1842, Anita sem posse puderam chegar a Montevidéu, estava viúva do marido lagunense, casando-se com Giuseppe Garibaldi, legalizando sua situação. Os dias amargos ela suporta com dignidade. Anita Garibaldi trabalha e cuida dos filhos carinhosamente, enquanto a fome ronda seu lar e a miséria a persegue, mas o casal consegue suportar seus dias mais difíceis com amor e esperança.                 Depois de certo período em que Giuseppe Garibaldi trabalhou para Rosas, na Argentina, com sorte, Garibaldi decide enviar sua família à sua terra natal, a Itália. Ao chegar a Gênova  Anita Garibaldi foi recebida com aclamação, algum tempo depois José Garibaldi foi ao encontro da mulher que realmente amou.


Giuseppe Garibaldi

            Recomeçam as lutas, agora na Península Itálica, ao lado do esposo ela luta com a mesma bravura que havia demonstrado ter na América. Giuseppe Garibaldi  pediu refúgio na Suíça, separando-se de Anita que havia partido para Nice. Tempos mais tarde juntos novamente próximos à Roma, Giuseppe Garibaldi retrucou-lhe: “-Não Pense em mim nem nos filhos, pense na Pátria!” A sorte lhe é contrária. Novas fugas e desesperos, incertezas na hora de seguir viagem. Os austríacos perseguem de perto os fugitivos, finalmente conseguem chegar à República de San Marino, onde os austríacos impõe o exílio de Giuseppe Garibaldi. A meia noite do dia 1º para o 2º dia do mês de agosto, nova fuga, o objetivo era chegar à Veneza. Em Orvieto  Anita Garibaldi fica doente, a febre a mataria dias depois as 16 horas da tarde a heroína lagunense. Anita estava no 6º mês gestação.

A fuga de Giuseppe Garibaldi e Anita Garibaldi

          Os austríacos perseguem de perto os fugitivos, Anita ardia de febre, os remanescentes das tropas de Giuseppe Garibaldi embarcaram, mas foram surpreendidos pelos austríacos. Giuseppe Garibaldi manda a esposa desembarcar em Magnavaca, e alcança a praia, conduzindo a esposa e o Capitão Liggiero. Procuram uma cabana para protegê-los. Joaquim Bonet ofereceu-se para levá-los à casa de um amigo, de onde passaram à suíça. No 3º dia do mês de agosto, tornam a embarcar com destino à fazenda do Marquês de Guccioli, nas proximidades de Santo Alberto. 


Giuseppe Garibaldi

       Os austríacos publicam editais com penas severas aos que acudissem o casal de fugitivos. Os marinheiros fogem com Giuseppe Garibaldi Anita quase desfalecida desembarcam e conseguem alcançar a fazenda, onde o Dr. Nanini examina, as notícias não são boas. Anita tinha poucas horas de vida. Giuseppe Garibaldi soluça desolado. Giuseppe Garibaldi aceita nova fuga depois que os amigos lhe prometem que teria uma sepultura digna de uma heroína.

 República Juliana de Laguna

Não o fizeram, dias depois de um monumento suíço surgiu um braço de um cadáver, após ser examinado atestaram ser o de Anita Garibaldi a qual esperava mais um bebê herdeiro de Giuseppe Garibaldi. Seu corpo foi amarrado a uma corda pelo pescoço e arrastado até o local onde foi encontrado pelo temor do contágio. Não ocorreu cerimonial cristão, no cemitério das Mandriolas, em Ravena, Garibaldi e seus filhos foram buscar seus despojos, transportaram-nos para Nice onde foram incinerados.

Giuseppe Garibaldi
Suas cinzas ainda são encontradas em uma modesta urna na Igreja de Nossa Senhora de Magdalena. Seu nome recebeu o epíteto de Heroína de Dois Mundos, glorificado na Europa, pela bravura de seus feitos na Itália e no Brasil, onde seu nome figura com justiça, entre as mulheres de bronze por diversas cidades. Muitas ruas levam seu nome. Partiu desprezada do Brasil retornando em bronze.


Giuseppe Garibaldi e Anita Garibaldi


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