sexta-feira, 4 de outubro de 2013

147 - O FORTALECIMENTO DAS ARTES NA PROVÍNCIA CATARINENS



147 - O FORTALECIMENTO DAS ARTES NA PROVÍNCIA CATARINENSE 
 




        A música e o canto, principalmente o canto coral por ser frequente nas missas por toda a Província Catarinense, destacou-se ao longo de sua formação. O Professor de Música José Almeida Moura, imigrante da Ilha Faial, chegara na Ilha no ano de 1707 destacou-se nesta arte, tendo como discípulo o Maestro Francisco de Souza Fagundes, o qual aperfeiçoou a arte musical na sua querida Desterro.


Procissão de Nossa Senhora das dores de Imaruí


As crônicas da época registraram que a boa música era apresentada nas Igrejas, em Missas, em Festas Religiosas e em Procissões de Padroeiros com orquestra e coro. No ano de 1801 foi registrada uma missa seguida de cerimônias cantadas. Em 1825 ocorreram Missas Votivas comemorando o Reconhecimento da Independência do Brasil por Portugal.


Sociedades Dançantes e seus Bailes

O Maestro Guilherme Hautz, de Joinville, no ano de 1851 foi convidado a instalar-se em Desterro com sua família para ali trabalhar como professor de música, orquestrador, para dirigir um dos coros que apresentava-se nas Igrejas, mesmo sendo luterano, rival de outros maestros da Ilha como o Maestro José Brasilício de Sousa. Coincidentemente o Maestro José Brasilício de Sousa também não era católico, apresentava-se ateu.


Procissão de Passos

O Maestro José Martins Leoni no ano de 1869 era um dos mais destacados na Capital Desterro, neste ano viria a falecer o Vice Presidente da Província de Santa Catarina, João Francisco de Souza Coutinho, o qual compunha músicas sacras e profanas, gostava de apresentar suas músicas em festas religiosas, missas e sarais.


Bandeira do Divino

Hermes Ernesto da Fonseca, irmão do Marechal Deodoro da Fonseca, e pai do Marechal Hermes da Fonseca, o qual foi Presidente da República, e que em Desterro sediou no ano de 1863, como Major, compunha e escrevia tratados de música. O Presidente Taunay gostava de ouvi-lo tocar, como ocorreu no Clube Doze de Agosto a partitura La Jalouse no ano de 1876, e neste mesmo ano o Maestro G. Avé-Lallemant dava aulas de piano em Desterro, o Maestro Benjamim Carvalho de Oliveira ensinava música e instrumentos musicais.


Bandeira do Divino

Haviam muitas Sociedade Musicais em Desterro, no ano de 1861 fundou-se a Sociedade Musical Paraíso Desterrense, em 1867 a Sociedade Musical Euterpe 04 de Março, no ano de 1868 a Sociedade Musical Paternon Catarinense, em 1871 a Sociedade Musical Germânica, a Sociedade Musical Casino Filorfeônico  Dramático, em 1876 a Sociedade Musical Harmonia Lírica, em 1877 a Sociedade Musical Lira Artística Catarinense, no ano de 1884 a Sociedade Musical Amadores da Arte e no fim do século XIX a Sociedade Musical Clube Beethoven. Há registro da existência de 05 Bandas Musicais em Desterro no ano de 1875, e em 1876 foi fundada a Banda Musical Amor a arte, restabelecida no ano de 1896. No ano de 1875 foi fundada a Banda Musical Filarmônica Comercial, a qual foi a primeira banda catarinense a apresentar-se devidamente uniformizada. No ano de 1858 na Laguna foi fundada a Banda Musical União dos Artistas, na Colônia Dona Francisca foi fundada a Sociedade Teatral e Musical Harmonia, unindo-se mais tarde à Sociedade Lira, a qual depois ficou conhecida por Harmonia Lira.

Presidente  Alfredo D’Escragnolle Taunay

Em Laguna no ano de 1882 foi fundada a Banda Musical Santa Cecília, mudando seu nome para Banda Musical 13 de Maio e depois para Banda Musical Carlos GomesEm 1860 os afros catarinenses tentaram funda uma Banda Musical, entretanto foram severamente criticados pela Imprensa e sociedade devido serem escravos e não puderem sair pela noite após às 22h00min. Em todas as reuniões musicais com melodias e serenatas, havia sempre homenagens aos políticos, personalidades e autoridades que se faziam presentes. Nas Colônias Catarinenses reuniam-se homens e mulheres em sociedade de canto, entoando cantos na língua de seus ancestrais, fossem eles de origem germânica, italiana e até mesmo portuguesa. Foram inúmeras a Bandas Musicais, Companhias Musicais e Músicos que vieram se apresentar em Desterro desde 1860, pelos Salões particulares, nos Teatros Santa Isabel, Teatro São Pedro de Alcântara. Simonse apresentava-se como rabequista do rei da Dinamarca, e sua esposa, Fanny, a qual cantava; Paulien, menino prodígio, o qual apresentou-se em 02 concertos de violino no ano de 1863; João Sanfield e Senhora Verdini, barítono e contrato também apresentaram-se no ano de 1863, foram infelizes em suas apresentação, não tendo rendas para retornarem, tiveram que recorrer à caridade alheira; a Bailarina Mendonza também apresentou-se no ano de 1863; o Concertista Dom Falco apresentou-se no ano de 1865; o Flautista particular do rei da Bélgica, acompanhado por Hautz  apresentaram-se no ano de 1867; o menino Pianista português  Emílio Vasconcelos apresentou-se no Salão do Dr Henrique Schutel no ano de 1868; vestidos à caráter os cantores de ópera Marta Val, Maurício Val e Leonita Villot, pela primeira vez apresentaram-se vestidos à caráter no ano de 1873; o violinista Blanche Paganini apresentou-se no ano de 1876; apresentando vários instrumentos, Nicolas Campos fez sua apresentação no ano de 1878. Pela Ilha passaram outros artistas que vieram se destacar a nível nacional e internacional.

Presidente  Alfredo D’Escragnolle Taunay

No ano de 1861 apresentaram-se na Ilha, em Desterro os membros da companhia Bouffes Parisienses, tais artistas já haviam apresentado a Ópera Bufa em Desterro no ano de 1881; nesta época apresentou-se a Companhia Lírica  Felix  Verneuil com muito êxito sua temporada; já no ano de 1884, a Companhia Italiana apresentou o lírico cômico Zaconi, também tendo muito êxito em suas apresentações. Os artistas amadores locais, bem como outros artistas amadores ao apresentarem-se deveriam alugar barracões, levando as cadeiras da plateia de suas casas. O Teatro Santa Isabel teve sua pedra fundamental lançada aos 29 dias do mês de julho do ano de 1857, iniciativa de uma empresa local, mesmo recebendo empréstimos do governo, no ano de 1870 via-se arruinada. No ano de 1872 o Governo da Província de Santa Catarina toma todos os bens da empresa e assume a dívida. O Teatro Santa Isabel veio a ser inaugurado no dia 07 de setembro do ano de 1875, sendo que a Sociedade Dramática Particular Recreio Catarinense encenou a peça Amor e Infância. No ano de 1880 a Associação Fraternal Beneficente fez uma apresentação encenando Niche, neste época o teatro acabara de passar por reformas. Aos 22 dias do mês de julho do ano de 1892, a Senhorita Izabel foi ao Teatro mudando seu nome para Teatro Álvaro de Carvalho, homenageando o Tenente Álvaro Augusto de Carvalho herói da Guerra do Paraguay, morto em Buenos Aires no ano de 1869. Em Laguna havia o Teatro 07 de Setembro onde apresentava-se um grande grupo de amadores, em Joinville também havia uma teatro denominado Teatro 07 de Setembro.

Bandeira do Divino
Haviam muitas comemorações na Província de Santa Catarina e em especial na Desterro, o 07 de Setembro, homenagem a Independência do Brasil e o 02 de Dezembro, homenagem ao Aniversário de D. Pedro II. Nestas comemorações a tropa formava, havia banda e o povo saía às ruas cortejando com a Esfinge de Sua Majestade D Pedro I. Na Câmara de Desterro havia um dossel, sob esse havia um retrato de Sua Majestade D Pedro I, sempre que se reuniam, o Presidente da Província, a Magistratura, o Comandante das Tropas com seus Oficiais, os Deputados à Assembleia com sua Mesa, o clero, o Alto Funcionalismo e principalmente a Câmara com todos os Vereadores, um a um desfilavam perante seu retrato, fazendo cada um sua reverência, uma discreta curvatura de cabeça como sinal de respeito devido a tal augusta pessoa, talvez por serem membros de uma mesma instituição, de uma mesma ordem. Na sacada o presidente da Província dava viva à Sua Majestade D Pedro I, à Nação, à Religião e ao Estado. O qual era respondido de imediato pelas tropas e pelo povo. Em alguns momentos faziam salvas, pela manhã e ao final do cortejo, pela noite as casas, ruas e praças ficavam totalmente iluminadas.
Bandeira do Divino

Os desterrenses apreciavam muito o carnaval, criando assim muitas Sociedades Carnavalescas, possuíam carros de mutação com estruturas de papier marche que causavam grande euforia a quem prestigiava os desfiles. No ano de 1859 havia a Sociedade Carnavalesca Desterrense a qual organizava grandes bailes carnavalescos à fantasia; no ano de 1868 havia a Sociedade Carnavalesca Recreio; no ano de 1879 havia a Sociedade Carnavalesca Filhos do Silêncio, todas com o mesmo propósito. Destacou-se a Sociedade Carnavalesca dos Bons Arcanjos, a qual recebeu  esse nome no ano de 1879, anteriormente denominada Sociedade Carnavalesca Filhos de Satanaz e a Sociedade Carnavalesca Diabo a Quatro, no ano de 1882, esta Sociedade teve destaque por sua atuação na Campanha AbolicionistaA pintura na Província de Santa Catarina teve grande desenvolvimento pelas mãos doa artistas catarinenses Sebastião Fernandes, ainda pouco conhecido, e o destacado Victor Meirelles que foi sendo homenageado por suas obras na Corte do Rio de Janeiro bem como na Europa. Os Jornais por todas as Províncias brasileiras destacavam a aceitação de suas obras tanto no Brasil quanto no exterior.
Bandeira do Divino

As letras tiveram grandes nomes, representada por jornalistas, escritores e poetas. No ano de 1853  Manoel Joaquim de Almeida Coelho publica a obra memória Histórica da Província de Santa Catarina. No ano de 1861 o Padre Joaquim Gomes de Oliveira e Paiva publica a obra Ensaios Oratórios; no ano de 1862 Jovita Soares Silva publica o romance Eulália; no ano de 1863 foi publicada a Lírios e Rosas  pelo poeta José Elisário da Silva Quintanilha, também neste ano foi publicado o Compêndio Musical do Major Hermes Ernesto da Fonseca. No ano de 1864 o Dr Ribeiro de Almeida lançou a obra Ensaio Sobre a Salubridade da Ilha de Santa Catarina; Lacerda Coutinho lançava a obra Cenas da Vida de um Estudante; no ano de 1866 José Elisário da silva Quintanilha enviara à imprensa a obra em versos Inspirações do Amor. Já no ano de 1868 é publicada a peça teatral do Tenente Álvaro de Carvalho intitulada Raimundo; em 1869 Dona Júlia Costa publica a obra em versos Flores dispersas. Em 1871 José da Silva Ramos Júnior publica a obra Noites de Luar; o Presidente da Província de Santa Catarina, Alfredo D’Escragnolle Taunay publica por meio de folhetins a obra Inocência, assinando-o pelo pseudônimo de Silvio Dinarte.


Bandeira do Divino

A Imprensa catarinense sempre elegeu sonetos, nênias, odes, prosas e elegias de diversos autores, destacando-se os autores Franc de Paulicéia Marques de Carvalho, cruz e Sousa, Santos Lostada, Virgílio Várzea, Padre Oliveira e Paiva, destacando-se também sátiras políticas em quadrilhas e sextilhas, de Marcelino Antônio Dutra, o Poeta do Brejo e político militante. Silveira e Sousa publicara o poema satírico As Taunaydas, visando o Presidente  Alfredo D’Escragnolle Taunay, seu grande adversário político.




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