domingo, 13 de outubro de 2013

157 - A GÊNESE DO PROCESSO ABOLUCIONISTA NA PROVÍNCIA DE SANTA CATARINA


157 -  A GÊNESE DO PROCESSO ABOLUCIONISTA NA PROVÍNCIA DE SANTA CATARINA



     No ano de 1857 havia na Província de Santa Catarina cerca de 18.000 escravos. Já no ano de 1881 havia um pouco menos, 11.000 negros cativos. É certo que havia um tráfico de escravos da província para outros pontos do Império como São Paulo, mesmo que no ano de 1831 o Trafico fosse totalmente proibido, havia vigilância nos portos para averiguar se alguém praticava esse ato, porém sempre havia um jeitinho.


Escravo na Província de Santa Catarina 


           Do ano de 1870 para a frente o Movimento Abolicionista ganhou forças na província, senhores, senhoras tomavam coragem e alforriavam seus cativos. No dia 07 de setembro do ano de 1870  foram libertos 16 escravos, 12 por conta da Província, 04 por iniciativa de particulares. Havia uma propaganda eficiente por toda a Província, no mesmo ano da Lei do Ventre Livre, na época das festas pela sua promulgação, a Irmandade do Rosário rezou o Te Deum, causou tanta comoção que algumas pobres viúvas possuidoras de alguns escravos domésticos os libertaram. No ano de 1874 no Rio Vermelho, um proprietário de escravos libertou 09 negros de uma só vez, e em 1875 a viúva do Marechal Guilherme, perto de morrer, libertou 09 escravos de sua propriedade. O Cônego Eloi de Medeiros no ano de 1876 ao comemorar seu aniversário, libertou sua única escrava doméstica.  O Movimento Abolicionista Catarinense tornava-se a cada dia mais forte.

Escravo na Província de Santa Catarina

           O Fundo de Emancipação no ano de 1880 libertou 45 escravos, já no ano de 1881 o Fundo de Emancipação enviou para diversos municípios da Província de Santa Catarina mais de 42 contos de réis, deste modo em cada município foram libertos alguns escravos, porém eram poucos escravos sendo libertos, era pouco ainda. No ano de 1884, Francisco de Assis Costa, João Moreira da Silva e Henrique Tavares assinaram e enviaram um convite endereçado aos abolicionistas catarinenses para que participassem de uma reunião no Clube Doze de Agosto. A adesão da Sociedade Dramática Particular Amadores da Arte foi fundamental, isto porque a referida sociedade passou a fazer espetáculos com os lucros voltados à causa abolicionista. Outra Associação Abolicionista, a qual o Tesoureiro Germano Wendhausen transfere todos os seus fundos para a o Novo Clube. Para esta mesma causa surge o Jornal Abolicionista, o qual era dirigido por Francisco Margarida, redatado por José Rodrigues Prates, Pedro de Freitas Cardoso, Luiz Pacífico das Neves, Juvêncio de Araújo Figueiredo e por Carlos Faria. O 1º Exemplar foi editado no dia 25 de novembro do ano de 1884. No clube, em solene sessão é entregue Carta de Alforria para 23 seres da raça humana os quais desde que nasceram vinham sofrendo a dia de suas vidas, agora principiava uma nova aura em suas vidas.

Escravo na Província de Santa Catarina

          De acordo com a Lei de 28 de setembro, na Alfândega na Desterro Capital era feita a matrícula de negros que desejavam ser alforriados, chegou a inscrição 3.032 negros escravos, cada um possuía um título com valor diferente, destes 3.032 foram libertos 1.139 apenas. Os escravocratas tinham muito medo de perder seus negros, perante o movimento abolicionista que tomava grandes proporções, deram um jeito de retirar de Desterro 786 negros escravos. Haviam morrido 459 escravos. Ainda restavam inscritos na Alfândega da Capital desterro um total de 763 escravos, na Trindade haviam 710 escravos inscritos, sendo estes de Santo Antônio e arredores.

Escravo na Província de Santa Catarina

            O Clube Abolicionista ia de casa em casa fazendo sua campanha em prol da abolição dos negros, os senhores e senhoras idosos passava a buscar a Alfândega ou dirigiam-se até a trindade para inscreverem seus escravos a para que viessem a ser libertos, ocorriam casos em que os senhores de escravos libertavam-nos de imediato ao tomarem conhecimento da causa abolicionista, ao ficar sabendo que não importava a cor da pele, que todos pertenciam a Raça Humana.

Escravo na Província de Santa Catarina

            As Sociedades Carnavalescas Diabo a Quatro e Sociedade Carnavalesca Bons Arcanjos prestaram excelente trabalho para a causa abolicionista, a Sociedade Carnavalesca Diabo a Quatro trabalhou na propaganda e na arrecadação de fundos para a campanha, a esta uniram-se os Amadores das Artes, a Fraternal Beneficente e a Musical União Artística. Arrecadaram fundos, organizaram festas e bazares, organizaram apresentações artísticas, arrecadando fundos objetivando a compra de alforrias.

Escravo na Província de Santa Catarina

          Um fazendeiro de Lages libertou, embora condicionalmente, a quantia de 10 escravos, um Senhor de escravos outros 04. Uma Senhora de escravos de Itapocu, Município de São Francisco do Sul, de uma só vez veio libertar 05 escravos. Em Santo Antônio dos Anjos da Laguna foram libertos 26 negros escravizados os quais pertenciam a 15 Senhores. Em tijucas outro Senhor herdeiro de escravos comprometido com a causa libertou outros 07 escravos, incluindo os do espólio de sua sogra. Diante disso o Movimento Abolicionista foi crescendo por toda a Província de Santa Catarina. A notícia de que no Ceará, seguido pelo Amazonas, Rio Grande do Sul, proclamavam o fim da escravidão em suas terras. O Jornal a Voz do Povo, o qual era representado por Republicanos, afirmar ser a escravidão reconhecida, e um abuso abdicar dos escravos sem restituição financeira aos seus senhores, o Jornal a Ideia, editado no Município de Itajaí, o qual era editado e dirigido pelo Senhor Tranquilo A. da Silva, no ano de 1887 anunciava que jamais aceitaria em quaisquer de suas colunas publicar matérias referente a venda ou compra de escravos.

Escravo na Província de Santa Catarina

          Ainda no ano de 1887 o Grupo Dramático Doze de Agosto fez a apresentação de um espetáculo no Teatro Santa Isabel, bem como a Sociedade Carnavalesca Diabo a Quatro promoveu um bazar em prol da causa abolicionista. O Presidente da Câmara Eliseu Guilherme da Silva no dia 24 de março de 1888, bem como os outros vereadores, oficiaram ao Presidente da Província Francisco José  da Rocha, o informe de que na Província de Santa Catarina não havia mais um só escravo que fosse, bem como covidou o ilustre Presidente para uma Sessão Especial a qual seria realizada no dia 25 às 12h00min. No mês de maio a notícia da Lei áurea chega à Província de Santa Catarina, o entusiasmo da população foi geral, na Igreja Matriz foi celebrada missa com Te Deum, a pedido da Câmara, no di 25 de maio ocorreram grandes festejos pelas Igrejas e Capelas da Ilha e Província.

Escravo na Província de Santa Catarina

          Na Praça Barão de Laguna, na Capital Desterro, foram armados 02 Coretos e uma tribuna, onde fizeram eloquente discurso Francisco Margarida, José de Araújo Coutinho, José Segui Júnior e o Manoel da Silveira Bittencourt, na oportunidade não deixou de haver músicas, foguetes, vivas, festas com vendas de cartucho de amendoim, balas de coco queimado, broas de coco, pamonha e muito suco e gasosa, as festividades prolongaram-se por dias, houve apresentações de espetáculos e passeatas.

Escravo na Província de Santa Catarina

            Os principais abolicionistas da Capital Desterro foram Eliseu Guilherme da Silva, Germano e André  Wendhausen, Cruz e Sousa, José Henrique de Paiva, Francisco Margarida, José Segui Junior, Francisco de Assis Costa, João Moreira da Silva, Henrique Tavares, José Rodrigues Pontes, Ricardo Barbosa, Pedro Freitas Cardoso, Luiz Pacífico das Neves, Juvêncio de Araújo, Carlos Faria, Carlos Schimidt, Augusto Lopes, Fausto Werner, Eduardo Horn, dentre outros membros da alta sociedade catarinense, membros ilustres do comércio, das letras, da política e da Imprensa. Dentre estes o sapateiro Manoel Bittencourt, o qual sempre doava pequenas quantias provenientes de seu humilde trabalho, sempre auxiliando como podia para a Causa Abolicionista.

Escravo na Província de Santa Catarina

           Em Florianópolis uma rua passou a homenagear-lhe, Rua Artista Bittencourt, artista por fazer solas e meia solas de sapados com tanta arte que seus reparos ficavam perfeitos, o pouco que obtinha de seu trabalho era doado com sacrifício para que os negros fossem libertos, para que a escravidão fosse extinta de solos catarinenses.



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