No ano de 1857 havia na Província de Santa Catarina cerca de 18.000 escravos. Já no ano de 1881 havia um pouco
menos, 11.000 negros cativos. É certo que havia um tráfico de escravos da
província para outros pontos do Império como São Paulo, mesmo que no ano de
1831 o Trafico fosse totalmente proibido, havia vigilância nos portos para
averiguar se alguém praticava esse ato, porém sempre havia um jeitinho.
Escravo na Província de Santa Catarina |
Do ano de 1870 para a frente o
Movimento Abolicionista ganhou forças na província, senhores, senhoras tomavam
coragem e alforriavam seus cativos. No dia 07 de setembro do ano de 1870 foram libertos 16 escravos, 12 por conta da
Província, 04 por iniciativa de particulares. Havia uma propaganda eficiente
por toda a Província, no mesmo ano da Lei do Ventre Livre, na época das festas
pela sua promulgação, a Irmandade do Rosário rezou o Te Deum, causou tanta comoção que algumas pobres viúvas possuidoras
de alguns escravos domésticos os libertaram. No ano de 1874 no Rio Vermelho, um
proprietário de escravos libertou 09 negros de uma só vez, e em 1875 a viúva do
Marechal Guilherme, perto de morrer, libertou 09 escravos de sua propriedade. O
Cônego Eloi de Medeiros no ano de 1876 ao comemorar seu aniversário, libertou
sua única escrava doméstica. O Movimento
Abolicionista Catarinense tornava-se a cada dia mais forte.
O Fundo de Emancipação no ano de
1880 libertou 45 escravos, já no ano de 1881 o Fundo de Emancipação enviou para
diversos municípios da Província de Santa Catarina mais de 42 contos de réis,
deste modo em cada município foram libertos alguns escravos, porém eram poucos
escravos sendo libertos, era pouco ainda. No ano de 1884, Francisco de Assis
Costa, João Moreira da Silva e Henrique Tavares assinaram e enviaram um convite
endereçado aos abolicionistas catarinenses para que participassem de uma
reunião no Clube Doze de Agosto. A adesão da Sociedade Dramática Particular
Amadores da Arte foi fundamental, isto porque a referida sociedade passou a
fazer espetáculos com os lucros voltados à causa abolicionista. Outra
Associação Abolicionista, a qual o Tesoureiro Germano Wendhausen transfere
todos os seus fundos para a o Novo Clube. Para esta mesma causa surge o Jornal
Abolicionista, o qual era dirigido por Francisco Margarida, redatado por José
Rodrigues Prates, Pedro de Freitas Cardoso, Luiz Pacífico das Neves, Juvêncio
de Araújo Figueiredo e por Carlos Faria. O 1º Exemplar foi editado no dia 25 de
novembro do ano de 1884. No clube, em solene sessão é entregue Carta de
Alforria para 23 seres da raça humana os quais desde que nasceram vinham
sofrendo a dia de suas vidas, agora principiava uma nova aura em suas vidas.
De acordo com a Lei de 28 de
setembro, na Alfândega na Desterro Capital era feita a matrícula de negros que
desejavam ser alforriados, chegou a inscrição 3.032 negros escravos, cada um
possuía um título com valor diferente, destes 3.032 foram libertos 1.139
apenas. Os escravocratas tinham muito medo
de perder seus negros, perante o movimento abolicionista que tomava grandes
proporções, deram um jeito de retirar de Desterro 786 negros escravos. Haviam
morrido 459 escravos. Ainda restavam inscritos na Alfândega da Capital desterro
um total de 763 escravos, na Trindade haviam 710 escravos inscritos, sendo
estes de Santo Antônio e arredores.
O Clube Abolicionista ia de casa em
casa fazendo sua campanha em prol da abolição dos negros, os senhores e
senhoras idosos passava a buscar a Alfândega ou dirigiam-se até a trindade para
inscreverem seus escravos a para que viessem a ser libertos, ocorriam casos em
que os senhores de escravos libertavam-nos de imediato ao tomarem conhecimento
da causa abolicionista, ao ficar sabendo que não importava a cor da pele, que
todos pertenciam a Raça Humana.
As Sociedades Carnavalescas Diabo a
Quatro e Sociedade Carnavalesca Bons Arcanjos prestaram excelente trabalho para
a causa abolicionista, a Sociedade Carnavalesca Diabo a Quatro trabalhou na
propaganda e na arrecadação de fundos para a campanha, a esta uniram-se os
Amadores das Artes, a Fraternal Beneficente e a Musical União Artística.
Arrecadaram fundos, organizaram festas e bazares, organizaram apresentações
artísticas, arrecadando fundos objetivando a compra de alforrias.
Um fazendeiro de Lages libertou,
embora condicionalmente, a quantia de 10 escravos, um Senhor de escravos outros
04. Uma Senhora de escravos de Itapocu, Município de São Francisco do Sul, de
uma só vez veio libertar 05 escravos. Em Santo Antônio dos Anjos da Laguna
foram libertos 26 negros escravizados os quais pertenciam a 15 Senhores. Em
tijucas outro Senhor herdeiro de escravos comprometido com a causa libertou
outros 07 escravos, incluindo os do espólio de sua sogra. Diante disso o
Movimento Abolicionista foi crescendo por toda a Província de Santa Catarina. A
notícia de que no Ceará, seguido pelo Amazonas, Rio Grande do Sul, proclamavam
o fim da escravidão em suas terras. O Jornal a Voz do Povo, o qual era
representado por Republicanos, afirmar ser a escravidão reconhecida, e um abuso
abdicar dos escravos sem restituição financeira aos seus senhores, o Jornal a
Ideia, editado no Município de Itajaí, o qual era editado e dirigido pelo
Senhor Tranquilo A. da Silva, no ano de 1887 anunciava que jamais aceitaria em
quaisquer de suas colunas publicar matérias referente a venda ou compra de
escravos.
Ainda no ano de 1887 o Grupo
Dramático Doze de Agosto fez a apresentação de um espetáculo no Teatro Santa
Isabel, bem como a Sociedade Carnavalesca Diabo a Quatro promoveu um bazar em
prol da causa abolicionista. O Presidente da Câmara Eliseu
Guilherme da Silva no dia 24 de março de 1888, bem como os outros vereadores,
oficiaram ao Presidente da Província Francisco José da Rocha, o informe de que na Província de Santa Catarina não havia mais um só escravo que fosse, bem como covidou o
ilustre Presidente para uma Sessão Especial a qual seria realizada no dia 25 às
12h00min. No mês de maio a notícia da Lei áurea
chega à Província de Santa Catarina, o entusiasmo da população foi geral, na
Igreja Matriz foi celebrada missa com Te Deum, a pedido da Câmara, no di 25 de
maio ocorreram grandes festejos pelas Igrejas e Capelas da Ilha e Província.
Na Praça Barão de Laguna, na Capital
Desterro, foram armados 02 Coretos e uma tribuna, onde fizeram eloquente
discurso Francisco Margarida, José de Araújo Coutinho, José Segui Júnior e o
Manoel da Silveira Bittencourt, na oportunidade não deixou de haver músicas,
foguetes, vivas, festas com vendas de cartucho de amendoim, balas de coco
queimado, broas de coco, pamonha e muito suco e gasosa, as festividades
prolongaram-se por dias, houve apresentações de espetáculos e passeatas.
Os principais abolicionistas da
Capital Desterro foram Eliseu Guilherme da Silva, Germano e André Wendhausen, Cruz e Sousa, José Henrique de
Paiva, Francisco Margarida, José Segui Junior, Francisco de Assis Costa, João
Moreira da Silva, Henrique Tavares, José Rodrigues Pontes, Ricardo Barbosa,
Pedro Freitas Cardoso, Luiz Pacífico das Neves, Juvêncio de Araújo, Carlos
Faria, Carlos Schimidt, Augusto Lopes, Fausto Werner, Eduardo Horn, dentre
outros membros da alta sociedade catarinense, membros ilustres do comércio, das
letras, da política e da Imprensa. Dentre estes o sapateiro Manoel Bittencourt,
o qual sempre doava pequenas quantias provenientes de seu humilde trabalho,
sempre auxiliando como podia para a Causa Abolicionista.
Em Florianópolis uma rua passou a
homenagear-lhe, Rua Artista Bittencourt, artista por fazer solas e meia solas
de sapados com tanta arte que seus reparos ficavam perfeitos, o pouco que
obtinha de seu trabalho era doado com sacrifício para que os negros fossem
libertos, para que a escravidão fosse extinta de solos catarinenses.
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