051 – O TRANSPORTE E A LOCALIZAÇÃO DOS IMIGRANTES NO LITORAL SUL BRASILEIRO
Os
casais de imigrantes Açorianos deveriam ser, segundo as ordens de José da Silva Paes, distribuídos desde o Rio
São Francisco do sul até o Cerro de São Miguel, e sertão correspondente. Ainda
de acordo com a Determinação Real de como deveriam ser escolhidos os locais
para o estabelecimento das povoações, como seriam feitos os arruamentos, onde
se localizariam as Igrejas e muitas outras construções vitais ao bom
funcionamento e êxito do empreendimento.
O
transporte foi contratado com Feliciano
Velho Oldenberg, em fevereiro de 1748 chegaram na Ilha de Santa Catarina os
primeiros navios contendo 461 imigrantes, sendo adultos e crianças.
Durante
a travessia ocorreram muitos problemas, durou 03 meses, morrendo muita gente,
por este motivo Feliciano Velho
Oldenberg viria a perder o contrato de transporte de imigrantes açorianos,
sendo efetuado outro contrato com Francisco
Souza Fagundes, o qual deveria transportar mais 4000 imigrantes de açores
ao Litoral Sul do Brasil.
José da Silva Paes tratou de acomodar os casais, cumprindo as Ordens Reais, distribuindo-os
pelas proximidades, após terem um bom descanso dos problemas passados durante o
translado ao Brasil.
Nos
anos que se seguiram, de 1749 a 1756, foram transportados mais 04 grupos,
compostos de vários navios, sendo que o 2º segundo e o 4º com mais de 1000
colonos, o 3º com um total de imigrantes não registrados, e o 4º com 520
imigrantes.
Imigrantes do Arquipélago de Açores para o litoral sul do Brasil de 1748 à 1756 |
Os
Governadores que vieram a substituir José da Silva Paes distribuíram os imigrantes açorianos por todo o Litoral Sul de Santa
Catarina, embora não de acordo com a Ordem Régia, mas de acordo com as
necessidades da época.
Os sucessores
de Silva Paes, como é o caso do
Governador Manoel Escudeiro Ferreira de Souza, e o Governador José de Melo Manoel foram os que
receberam e distribuíram os colonos açorianos.
Imigrantes açorianos em Santa Catarina |
Sabe-se que na
época a travessia do Atlântico não era nada fácil, haviam ordens bastante
severas na travessia, mulheres e crianças eram trancafiados nos porões, apenas
podendo sair para as missas dominicais, isto é, uma vez apenas durante cada
semana, sabendo-se que o translado durava em torno de 03 meses, muitos morriam
nos escuros porões, o que fez com que muitas pessoas inscritas desistissem da
viagem. Desse modo muitas pessoas foram recrutadas de modo compulsório, sendo
que as vezes eram recrutados idosos, doentes, inválidos, isso deu-se para que
viessem a completar o número de pessoas, o que veio a ocorrer protestos por
parte dos Governadores, isso porque muitos ao chegarem no Brasil não podiam nem
se quer trabalhar com enxadas, ou até mesmo eram impossibilitados para
construírem suas moradias ou cobri-las com palhas de jerivá.
O Governador Manso Manoel Escudeiro Ferreira de Souza teve diversos
problemas dessa ordem, muitos imigrantes não foram distribuídos apenas na Ilha
de Santa Catarina, Trindade, Ribeirão da Ilha, Lagoa, Ratones, Santo Antônio,
Canasvieiras, Rio Vermelho, Rio Tavares, bem como pelo continente, São Miguel,
Enseada de Brito, São José, Paulo Lopes, Garopaba, Vila Nova, Imaruí, Santo
Antônio dos Anjos da Laguna. Alguns lugares existentes e outros que já
existiam, no entanto que careciam de colonos para o desenvolvimento local.
O Governador Manso Manoel Escudeiro Ferreira de Souza no ano de 1751,
obrigou muitos imigrantes a embarcarem para o Rio Grande, a fim de estender os
limites designados por El Rey para o povoamento, muitos imigrantes não
desejavam iniciar novas aventuras, ocorrendo muitos protestos, sendo que o
próprio Governador Manso Manoel Escudeiro Ferreira de Souza deixou em seus registros que embarcou muita gente à força,
recebendo do Rei de Portugal severa repressão.
Sabe-se que um
dos transportes naufragou na Barra Sul, sendo que 250 pessoas que eram
conduzidas na embarcação apenas 77 sobreviveram neste sinistro, a ponta onde
ocorreu o citado sinistro recebeu o nome de Ponta dos Naufragados. Sabe-se que
dos emigrantes açorianos que rumaram ao Brasil, 5000 aproximadamente
permaneceram em Santa Catarina.
Os
Governadores deparam-se também com o problema do descaso ocorrido devido os
encarregados de colocarem os colonos na Ilha de Santa Catarina não davam as
devidas provisões para que os colonos pudessem sobreviver nos primeiros meses,
sabendo-se que os Editais para transporte garantiam tais provisões. Assim os
colonos vieram para Santa Catarina, com muitas dificuldades para
estabelecerem-se, mesmo assim deixaram marcas que definiram a cultura, a
religiosidade, os costumes, o idioma. Os quais ainda hoje visíveis nos traços
dos cidadãos catarinenses.
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