091 – SANTA CATARINA APÓS A INDEPENDÊNCIA – DUPERREY VISITA A ILHA
No dia 16 de
outubro do ano de 1822 a corveta francesa La Coquile fundeou no Porto da Vila
de Nossa Senhora do Desterro. Seu comandante era Louis Isidore Duperrey o qual trazia a bordo Jules Sébastien César Dumont D’Urville,
ambos não esconderam em suas narrativas o encanto que lhes causou a vista da
Ilha de Santa Catarina, suas matas, e em especial a Vila de Nossa Senhora do
Desterro, e seu continente coberto pela densa floresta.
Alguns
incidentes pitorescos ocorreram durante o percurso até a Fortaleza de
Anhatomirim. O que ocorreu foi que os comandos não içaram o Pavilhão Lusitano,
o que era de praxe, também não içou outro pavilhão qualquer. O navegante
descreveu em seus relatos que o povo da Província de santa Catarina acolheu o
Imperador D. Pedro I com elevação e orgulho, que o Novo Governo havia sido
estabelecido sem a menor resistência.
Uma Comissão
Especial, e entre seus membros estava Jules Sébastien César Dumont D’Urville dirigiram-se para o Porto da
Capital, foram de canoa, o objetivo da referida comissão era avistar o
Governador. Ao retornarem à Vila de Nossa Senhora do Desterro tomaram ciência
dos pormenores da Independência Brasileira.
Louis Isidore Duperrey e Jules Sébastien César Dumont D’Urville foram bem recebidos pelos membros da Junta Provisória a qual lhes forneceu
todas as facilidades para reparos, dados para suas observações e pesquisas as
quais registravam de modo constante em seus diários.
Os franceses
permaneceram em Santa Catarina até o dia 30 de outubro, embora tivessem eles
algumas dificuldades devido a Independência, conseguiram todos os gêneros
alimentícios que desejavam para seguirem viagem.
Deixaram
registros de que os catarinenses eram cheios de confiança, que no excesso de
alegria cobriam as ruas da Vila de Nossa Senhora do Desterro de luminárias. Que
nas ruas da Vila de Nossa Senhora da Graças do Rio de são Francisco e da Vila
de Santo Antônio dos Anjos da Laguna percorriam as ruas cantando em homenagem a
D. Pedro I.
Na época havia
sido publicado um Edito em que seria punido todo e qualquer português ou
estrangeiro estabelecido na Província que em 30 dias a partir da data da
Proclamação da Independência não tivesse feito declaração em favor da
Independência, seria punido. E que todos deveriam levar no braço esquerdo uma
fita verde e amarela, em sinal de adesão. Havia também uma braçadeira dourada
escrita Independência ou Morte. Com esta frase
cumprimentavam-se diariamente os Ajudantes das Fortalezas.
René-Primevère Lesson, um explorador e naturalista da
expedição de Louis Isidore Duperrey descreveu a Vila de São Miguel como tendo seus habitantes
muito hospitaleiros, embora sendo muito humildes, possuíam o necessário para
receberem bem. Os homens eram envergonhados e de pele morena, as mulheres
limpas e faceiras. No interior da Ilha de Santa Catarina e em seu continente as
mulheres sentavam-se na frente de suas casas para fazerem rendas. As casas da
Ilha tinham suas divisões de madeira e suas janelas eram altas e grandes, sem o
interior limpo, simples e sem o menor luxo. Poucas lojas nas ruas, mas as que
haviam eram muito sortidas de secos e molhados, a moda portuguesa do peixe
frito era acompanhada do pirão d’água. Os escravos andavam seminus, mas eram
tratados com brandura. Haviam poucas escolas. Os homens das cidades vestiam-se
à moda inglesa, as mulheres a moda francesa, e estas eram elegantes, atraentes
e algumas eram muito bonitas.
Descreveram
ainda a respeito das riquezas que haviam na Ilha de Santa Catarina, sobre as
espécies animais e vegetais, ainda trataram de descrever a economia local e sua
organização.
A impressão
que deixaram nos habitantes da Ilha de Santa Catarina foi a melhor, mas também
levaram as melhores de Santa Catarina pois seus registros provam com grande
clareza.
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