Com a modernidade trazida pelo século
XIX ocorreu um surto no aumento populacional da Província de Santa Catarina, a
intensificação dos meios de comunicação bem como o fluxo de transportes, sejam
eles por terra ou por mar trouxeram para a Província inúmeros problemas
sanitários. Podemos caracterizá-lo por Século das Epidemias, da Varíola, a qual
aparecia quase todos os anos, como se fosse algo normal, do surto de cólera, o
qual causou no País no ano de 1855 aproximadamente 200.000 vítimas, e na Província
alguns milhares. São Francisco do Sul, Desterro, Santo Antônio da Laguna,
Freguesia do Imaruí e Freguesias vizinhas centenas de vítimas. As Câmaras
procuravam publicar editais com normas de higiene como medida preventiva. As
cidades passaram a ser divididas por zonas, o que vinha facilitar o atendimento
pois haviam poucos médicos. A população ficava alarmada, acabando em fuga dos
grandes centros urbanos, quando dispunham de recursos financeiros as pessoas
infectadas acabavam buscando tratamento em lazaretos, no entanto a epidemia foi
desaparecendo aos poucos, a vida retorna, era a vez da Febre Amarela.
Dr Cláudio Luiz da Costa |
A Febre Amarela alastrou-se pela
Província de Santa Catarina com mais frequência, nos anos de 1852, 1853, 1857,
1876 e 1880 causou os maiores números de vítimas. Nesta epidemia a A Câmara,
alertada pelos médicos sanitaristas da época também veio alertar a população da
Província por meio de panfletos e editais nas portas das Igrejas. Em um destes
surtos foi implacável matando muitas pessoas. Desta vez a população fugiu para
o interior novamente, procuravam queimar barris de alcatrão pelas esquinas com
o intuito de afugentarem os miasmas, na verdade a fumaça afugentava os
mosquitos que transmitiam a epidemia.
Podemos dizer que houve momentos em
que os médicos foram numerosos e capazes. Foi uma época em que a medicina
apresentava certa evolução, já praticavam algumas cirurgias, embora com
bastante limite. No entanto podemos afirmar que para aquela época já
representava um avanço.
O Dr Cláudio Luiz da Costa nasceu na Vila
de Desterro, filho do Senhor João Luís Inácio da Costa e de Dona Maria
Joaquina, ambos descendentes de pais açorianos, diplomou-se na Escola Médico
Cirúrgica no ano de 1817. Sua filha casou-se com o Poeta Gonçalves Dias.
Clinicou na Província da Bahia, fez parte da Guerra da Independência como
cirurgião, exerceu cínica na Corte do Rio de Janeiro. No ano de 1831 fixou-se
em Santos, local onde já havia fixado residência anteriormente, onde fixou
residência e passou a clinicar e foi Provedor da Santa Casa de Misericórdia, a
qual reformou e deu-lhe vida nova, tornando-se seu benemérito bem como Cidadão
Benemérito de Santos. O Dr Cláudio Luiz
da Costa foi Honrado pelo Imperador, agraciado várias vezes, Membro de seu Conselho
de Estado, veio a falecer no ano de 1879 com a idade de 71 anos na Corte do Rio
de Janeiro após haver defendido tese de Doutorado em Medicina.
Também naturais da Província de Santa
Catarina, o Dr Duarte Paranhos Shutel e o Dr Luiz Delfino dos Santos, este, primeiro filho
do Dr Henrique Shutel e o segundo, poeta celebrado nos anais literários do
Brasil, destacando-se na literatura e medicina. Ambos tombém também galgaram a
carreira política.
Em fins do século XIX destacou-se um
jovem médico em Desterro, o Dr Frederico Rolla.
Santa Casa de Caridade dos Pobres foi
o primeiro nome do Hospital de Caridade do Desterro, abrindo suas portas para
os pobres no ano de 1789. A construção da casa que viria a ser o abrigo dos
doentes sem recursos foi construída junto à Capela do Menino Deus, no terreno
doado à Beata Joana de Gusmão pelo Senhor André Vieira da Rosa, com recursos
obtidos pelo Irmão Joaquim ( o senhor Francisco Luiz do Livramento), o qual
esmolou muito para consegui-lo. No ano
de 1792 a Rainha tomou sob sua proteção o Hospital de Caridade do Desterro, a
pedido do Irmão Joaquim, concedendo-lhe uma pensão anual de 300.000 réis
anuais.
No ano de 1856 o Hospital de
Caridade do Desterro recebia as primeiras Irmãs Lazaristas de Caridade para
permanecerem por 08 anos.
O Imperador visitou o Hospital de
Caridade do Desterro no ano de 1845, doando-lhe importante soma em dinheiro,
tomando-o sob sua proteção, recebendo o título de Hospital Imperial de Caridade
do Desterro.
O Hospital Militar é de organização
anterior. Em 1753 havia apenas uma enfermaria, onde o Imperador havia
autorizado que os açorianos enfermos fossem recolhidos, por não haver outro
local na Ilha, o que já havia acontecido no ano de 1749. De 1769 até 1796 Paulo
Lopes Falcão foi seu cirurgião.
No ano de 1777 os espanhóis, quando
tomaram a Ilha de Santa Catarina, arrasaram o Hospital Militar, sendo
transferido para a Casa dos Jesuítas. E em 1802 foi reinstalado recebendo 100
camas. No ano de 1841 foi instalado no Forte de Santa Bárbara ( Capitania dos
Portos). No ano de 1855 estava funcionando anexo ao Quartel e deste removido no
ano de 1862. No ano de 1869 foi extinta a Enfermaria Militar; sendo criado o
Hospital Militar, o qual foi instalado a bordo do Navio Anicota. No ano de 1872
foi construído o prédio onde ainda hoje se encontra.
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